quinta-feira, 12 de julho de 2012

Coletânea Clarice Lispector

Terminei de ler o livro "A hora da Estrela" e anotei umas frases de C.L.
As pessoas que nunca leram algum livro da autora e gostam das frases precisam ler algum para sentirem a profundidade e intensidade de Clarice.

Vamos as frases:

"Com essa história eu vou me sensibilizar, e bem sei que cada dia é um dia roubado da morte. Eu não sou um intelectual, escrevo com o corpo. E o que escrevo é uma névoa úmida. As palavras são sons transfundidos de sombras que se entrecruzam desiguais, estalactites, renda, música transfigurada de órgão. Mal ouso clamar palavras a essa rede vibrante e rica, mórbida e obscura tendo como contra tom o baixo grosso da dor. Alegro com brio. Tentarei tirar ouro do carvão."

"Tenho que tornar nítido o que está quase apagado e que mal vejo"

"Isso será coragem minha, a de abandonar sentimentos antigos e confortáveis"

"Desculpai-me mas vou continuar a falar de mim que sou meu desconhecido, e ao escrever me surpreendo um pouco pois descobri que tenho um destino. Quem já não se perguntou: Sou um monstro ou isto é ser uma pessoa?"

"Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho."

"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas continuarei a escrever. Como começar pelo início se as coisas acontecem antes do acontecer?"

"A minha vida, a mais verdadeira é irreconhecível, extremamente interior e não tem uma só palavra que a signifique."

"É dever meu nem que seja de pouca arte, o de revelar-lhe a vida. Porque há o direito ao grito, então eu grito."

"Na verdade saia do escritório sombrio, defrontava o ar lá fora, crepuscular, e constatava então que todos os dias à mesma hora fazia exatamente a mesma hora. Irremediável era o grande relógio que funcionava no tempo. Sim, desesperadamente para mim, as mesmas horas. Bem, e dai? Daí nada. Quanto a mim, autor de uma vida, me dou mal com a reputação: A ROTINA ME AFASTA DE MINHAS POSSÍVEIS NOVIDADES."

"Encontrar-se consigo própria era um bem que até então ela não conhecia. Acho que nunca fui tão contente na vida, pensou. Não devia nada a ninguém e ninguém lhe devia nada. Até deu-se ao luxo de ter tédio. Um tédio até muito distinto."

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