terça-feira, 28 de agosto de 2012

O livro dos Prazeres, de Clarice Lispector

Terminei de ler um dos melhores livros que pude ler na minha vida. Me identifiquei muito com este livro em especial. A Clarice me encanta cada vez mais, depois de ler mais livros dela tenho uma nova ideia da autora.
Para compartilhar com vocês frases que marquei do livro:

"Este livro se pediu uma liberdade maior que tive medo de dar. Ele está muito acima de mim. Humildemente tentei escrevê-lo. Eu sou mais forte do que eu."

"Faz de conta que vivia e não que estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte. Faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando por dentro."

"Com o perfume, de algum modo intensificava o que quer que ela era e por isso não podia usar perfumes que a contradiziam: perfumar-se era de uma sabedoria instintiva, vinda de milênios de mulheres aparentemente passivas aprendendo, e, como toda arte, exigia que ela tivesse um mínimo de conhecimento sobre si própria. Para Lóri perfumar-se era um ato secreto e quase religioso."

"O que poderiam chamar de narcisismo mas, já influenciada por Ulisses, ela chamaria de: gosto de ser. Encontrar na figura exterior os ecos da figura interna: ah, então é verdade que eu não imaginei: eu existo."

"Haviam se passado momentos ou três mil anos? Momentos pelo relógio em que se divide o tempo, três mil anos pelo que Lóri sentiu quando com pesada angústia, toda vestida e pintada, chegou a janela. Era uma velha de quatro milênios."

"E "eu te amo" era uma farpa que não se podia tirar com uma pinça."

"Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida."

"Que o Deus me ajude a conseguir o impossível, só o impossível me importa."

"Era cruel o que fazia consigo própria: aproveitar que estava em carne viva para se conhecer melhor, já que a ferida ainda estava aberta."

"Então o que chamava de morte a atraía tanto que só poderia chamar de valoroso o modo como, por solidariedade e pena dos outros, ainda estava presa ao que chamava de vida."

"O que se passara no pensamento de Lóri naquela madrugada era tão indizível e intransmissível como a voz de um ser humano calado."

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